sábado, 13 de agosto de 2016

Deu no THE NEW YORK TIMES: Mandatário Golpista dá Pinta no Salão

Dr. Temer achou que poderia sair do armário e passar incólume, mas o mundo todo viu...

                   
Uma semana atrás, duas personalidades brasileiras machucadas e fragilizadas pelo tempo participaram destacadamente da cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro; cada uma à sua maneira. Foram elas o mundialmente conhecido cirurgião plástico Ivo Pitanguy, e o canhestramente conhecido golpista travestido de presidente, Michel Temer - que não tem votos suficientes nem para se eleger administrador do Jaburu, mas estava lá; seu nome é Trabalho.

Enquanto Dr. Ivo, entrevado numa cadeira de rodas pelas circunstâncias da existência, era aplaudido pelos populares, Dr. Michel, mumificado num sarcófago moral, era vaiado em pleno Maracanã.  Coube ao primeiro carregar a Tocha Olímpica, e ao segundo, suportar no quengo a rejeição nacional exibida em cadeia mundial. Isso porque Dr. Michel, sem ser anunciado (descumprindo bizarramente o protocolo), compareceu a uma festa para a qual sequer fora convidado. O consorte da Marcela sem sorte, porventura representando duzentos milhões de espíritos brasileiramente olímpicos, quis passar despercebido durante a celebração, embora tivesse a (usurpada) incumbência de declarar abertos os Jogos. É um gaiato...

Para um sujeito que acaba de assumir a condição de nossa última esperança antes da cubanização definitiva do Brasil, almejada por petralhas, esquerdopatas, homossexuais, feminazis e indígenas, em geral, eu não consigo compreender por que tanto temer (ops) nesse confronto com as massas. Entrementes, não era para esse cabra estar sendo carregado nos ombros do povo, rampa do Bellini acima? Não era o caso de estarmos assistindo a essa respeitada raposa política (?), incontestável liderança entre seus asseclas (??) e ilibado peemedebista (???) celebrar junto a seus compatriotas o júbilo de se realizar um evento de tal magnitude em solo pátrio, além de nos haver livrado daquele sapo barbudo bêbado e analfabeto e daquela terrorista dentuça gorda, comunista e... Mulher? Ou estou enganado?

Alguém em sã consciência colocaria a foto dele na parede (sem contar a mãe da Marcela)? Cadê as faixas de “Viva Temer”, “Temer Go” e “Agora o mundo vai nos Temer”? Ou mesmo os memes viralizantes da rede, estilo “Temer, você não é Pokémon, mas está na minha mira ;)”? Cadê as putas cabeças pensantes da cultura nacional enaltecendo nosso redentor, enlevados pelo estoicismo necrotérico daquele ser grisalho que vem ao socorro de toda a gente de Bem, a homenageá-lo em músicas, cantigas, quadros, charges, peças teatrais, panfletos, folhetos ou a desgraça que for? Cadê tudo isso, meu deus?

Ao contrário, vejo gente nas ruas sofrer arbitrariedades por parte de uma polícia decadente, apenas por protestar contra o despropósito político-institucional ora em curso no Brasil; vejo cidadãos inofensivos nas arquibancadas que explicitam o repúdio popular ao golpista sendo retirados de arenas, estádios e ginásios olímpicos como se perigosos mentecaptos fossem, à base de brutalidade, intimidação, repressão e autoritarismo. Em tempo: a justiça, na última quarta-feira, determinou que se permitissem manifestações pacíficas no Parque Olímpico.

E o que dizer do brasileiro que acreditou que “tudo isso” era, de fato, um pacto republicano e suprapartidário selado entre homens honrados e decididos a “colocar o país nos trilhos” (i.é., dar um jeito naquela corja petista)? Melhor; o que esse cidadão tem a dizer, agora que o Mandatário-mor da nação deu pinta no salão? O que esse brasileiro com muito orgulho e muito amor (e que não desiste nunca, mesmo morando em Miami) sentiu ao ver o líder dos “seres humanos direitos” pagando king-kong, passando recibo de golpista via satélite? Como explicar aos filhos pequenos que nosso Comandante-em-Chefe tem vergonha de aparecer ou falar em público, preferindo as sombras para esconder a cara azeda de mictório de boteco? Como explicar um discurso presidencial de 10 segundos, sem qualquer menção meritória à população carioca ou aos mais de 11.000 atletas que tanto se sacrificaram para que a festa ocorresse, tornando o Brasil o foco das atenções planetárias? Difícil, né?...

Meros dois dias desde então, Pitanguy já não estava entre nós. Seu gesto de levantar a tocha foi um adeus ao mundo e à vida. Morto no dia posterior e cremado no seguinte, não deixou rugas ou cicatrizes, conforme seu ofício lhe impunha. Não cheguei a lamentar, senão por não haver sido Dr. Temer a embarcar em Aqueronte, e cheguei mesmo a celebrar o fato dela – a morte – um dia abraçar a todos.

Nos espelhados corredores palacianos ou dos salões do Congresso da República, a imagem de Dr. Temer nunca se reflete. Agora, diante de uma audiência estimada em mais de três bilhões de pessoas, encarna o Mr. M e envergonha o povo brasileiro ao querer dar uma de invisível, sem magia ou encantamento, mas envolto em pura patifaria. De repente, um gesto normal para quem, no íntimo, não passa de um morto-vivo cuja alma não tardará a ser conduzida por Caronte ao esgoto História, lembrado como alguém que melhor seria se não houvesse existido. Oxalá, assim seja!

#ForaTemer

photo by Marcya Reis